sábado, 23 de julho de 2011

Amy Winehouse entra para o "Clube dos 27"

A cantora Amy Winehouse morreu na tarde deste sábado (23), por volta das 16h do horário local (13h de Brasília), aos 27 anos. Segundo informações dos jornais "The Guardian", "Daily Mirror", The Sun" e "Sky News", a cantora foi encontrada morta em sua casa em Camden, na Inglaterra. Há suspeitas de que ela tenha sofrido overdose de drogas.
A jovem cantora Amy Winehouse entrou para o chamado "Clube dos 27" - a triste lista dos ícones do mundo do rock que deixaram milhões de fãs órfãos por todo mundo, aos 27 anos. Entre os fatores em comum entre essas grandes estrelas da música - como Jimi hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Brian Jones - são os constantes abusos de drogas e álcool, que os levou a morte por overdose ou depressão, e a fama internacional ainda muito jovens; sem falar no talento inquestionável e a herança artística deixada para a história da música pop.
Conheça um pouco mais sobre os integrantes do "Clube dos 27":
Amy Winehouse
Amy foi uma cantora e compositora de soul, jazz e R&B do Reino Unido. Seu primeiro álbum, "Frank", lançado em 2003 pela Island Records, foi muito bem recebido, comercial e criticamente, e o segundo, de 2006, "Back to Black", deu a ela seis indicações ao Grammy Awards, das quais venceu cinco.
A cantora esteve no Brasil em janeiro deste ano para uma série de shows em Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, e ficou muito conhecida por seus escândalos públicos e pelo uso de drogas. Os problemas de Amy com o abuso de cocaína, álcool e cigarros vinham sendo noticiados pelos meios de comunicação ao redor do mundo desde 2008. Winehouse foi encontrada morta em seu apartamento dia 23 de julho, às 16h.  
Janis Joplin

Considerada "a Rainha do Rock and Roll", "a maior cantora de rock dos anos 60" e "a maior cantora de blues e soul da sua geração", Janis imortalizou canções como "Summertime", "Cry Baby" e "Ball in Chain" .  A cantora norte-americana fez de sua voz a sua característica mais marcante, tornando-se um dos ícones do rock psicodélico e dos anos 60.
Todavia, problemas com drogas e álcool encurtaram sua carreira. Morta em 1970 devido à uma overdose de heroína, Janis lançou apenas quatro álbuns: "Big Brother and the Holding Company" (1967), "Cheap Thrills" (1968), "I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!" (1969) e o póstumo "Pearl" (1971), o último com participação direta da cantora.
Jim Morrison (The Doors)
Um dos grandes poetas do rock e totalmente imprevisível: era capaz de fazer shows maravilhosos ou horríveis, conforme o seu humor. Em 1968, o The Doors deixava de ser uma banda do underground roqueiro.
Com o disco "Waiting for the Sun", o grupo californiano chegou ao primeiro posto da Billboard e emplacou com o hit "Hello, I Love You".
Era considerado o grande símbolo sexual do rock, nos anos 60, mas Jim se afundava nas drogas, sendo o álcool seu grande fraco. Vítima de overdose acidental, morreu em Paris aos 27 anos.
Jimi Hendrix

Hendrix foi um guitarrista, cantor e compositor norte-americano. Frequentemente é citado por críticos e outros músicos como o maior guitarrista da história do rock, e um dos mais importantes e influentes músicos de sua era, em diversos gêneros musicais.
Depois de obter sucesso inicial na Europa, conquistou fama nos Estados Unidos depois de sua performance em 1967 no Festival Pop de Monterey. Hendrix foi a principal atração, dois anos mais tarde, do icônico Festival de Woodstock e do Festival da Ilha de Wight, em 1970.
Morreu aos 27 sufocado no próprio vômito, após uma mistura de comprimidos e bebidas alcoólicas.
Kurt Cobain (Nirvana)
O vocalista do grupo americano Nirvana foi o maior mito do rock nos anos 90. Lançou os brilhantes "Nevermind" (1991) e "In Utero" (1993). Fez shows cheios de altos e baixos no Brasil em janeiro de 1993, e até gravou em um estúdio carioca. Em 5 de abril de 1994, ele cometeu suícidio.
Durante os últimos anos de sua vida, Cobain lutou contra o vício em heroína, doenças, depressão, fama e imagem pública, bem como as pressões ao longo da vida profissional e pessoal em torno a si mesmo e de sua esposa, a cantora Courtney Love. Em 8 de abril de 1994, Cobain foi encontrado morto em sua casa em Seattle, vítima do que foi oficialmente considerado um suicídio por um tiro de espingarda na cabeça. As circunstâncias de sua morte, por vezes, tornam-se um tema de fascínio e debate. Desde sua estréia, o Nirvana, vendeu mais de 50 milhões de discos em todo o mundo.
Brian Jones (The Rolling Stones)
Brian era conhecido pela sua versatilidade musical, tocando vários instrumentos diferentes, ainda que tenha se notabilizado como guitarrista da banda que criou e deu o nome: The Rolling Stones.
O músico costumava usar roupas extravagantes, além de um estilo de vida baseado no "sexo, drogas e rock´n´roll".
Acabou mergulhando nas drogas e sendo mandado embora do próprio grupo por Mick Jagger. Foi encontrado morto em sua piscina, afogado, apenas um dia depois de ser demitido. Jones foi o primeiro roqueiro famoso a morrer com 27 anos. 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

13 de Julho - Dia Mundial do Rock

Rock´n´roll: Um, dois, três, quatro!


Aumente o som, saia pulando, fale palavrões: o rock’n’roll está completando 50 anos, mas ainda faz a cabeça dos jovens e chacoalha a sociedade



Foram cinco décadas bem vividas. O rock’n’roll, quem diria, está fazendo 50 anos regados a sexo, a drogas e a ele próprio. Não pensem que foi uma vida fácil: entre tapas e beijos, o rock viveu um romance conturbado com a sociedade. Numa hora, era o queridinho de todos, para logo depois ser chutado e escorraçado como um cão sem dono.

Nesse meio século, o rock’n’roll foi celebrado por multidões, massacrado pela Igreja, explorado por publicitários, dissecado por historiadores, cooptado pela moda, malhado por puristas, dignificado pelos Beatles e chegou a ser dado por morto algumas vezes. Mas, como fênix, sempre deu um jeito de reaparecer, resgatado das trevas por algum adolescente talentoso e entediado. É uma história e tanto.

Segundo historiadores, o marco zero do rock teria acontecido em julho de 1954, quando um caminhoneiro chamado Elvis Presley entrou no Sun Studios, em Memphis, e gravou “That’s Allright Mamma”.

Vamos deixar uma coisa bem clara: Elvis não inventou o rock. Antes dele, gente como Chuck Berry e Bill Halley já tocavam rock. Desde o fim dos anos 40, “rock’n’roll” era usado em letras de música como sinônimo de “dançar” ou “fazer amor”. Em 1952, o radialista Alan Freed – que depois viria a reivindicar a criação do termo – batizou seu programa de Moondog’s Rock and Roll Party.

Se não criou o rock’n’roll, Elvis ao menos pode ser considerado o mensageiro que apresentou o rock ao mundo. Era o homem certo no momento certo: bonito, talentoso e carismático. Mais importante: era branco e, por isso, aceitável para a América dos anos 50. “Eu agradeço a Deus por Elvis Presley”, disse o negro Little Richard, um dos grandes pioneiros do rock. “Ele abriu as portas para muitos de nós.”

A tarefa de Elvis não foi fácil: a sociedade norte-americana demorou bastante para aceitar aquele branco que cantava e dançava como um negro. Em uma de suas primeiras apresentações na TV, as câmeras o filmaram apenas da cintura para cima, sem mostrar aquele quadril que teimava em rebolar. Elvis, ao contrário de vários outros ídolos da época (como Pat Boone, por exemplo), nunca renegou a origem de sua música. “O que eu faço não é novidade”, disse. “Os negros vêm cantando e dançando dessa forma há muito tempo.”

Se a vida nos anos 50 não era moleza para um roqueiro branco como ele, o que dizer de artistas negros como Little Richard, Chuck Berry, Bo Diddley e Fats Domino? Num país de escolas segregadas, que ainda via negros serem linchados, o simples fato de um artista negro viajar para mostrar sua música assumia proporções épicas de heroísmo e bravura.

Uma história emblemática do período é a de Shelley “The Playboy” Stewart, um radialista negro que apresentava um programa de rock na estação WEDR, no Alabama. O programa de Stewart atraía um público predominantemente branco, que aprendera a gostar dos artistas “de cor” que o DJ tocava.

No dia 14 de julho de 1960, Stewart estava apresentando um show na cidade de Bessemer, quando recebeu um aviso do dono do clube: a Ku Klux Klan, temida organização racista, havia mandado 80 homens para atacá-lo. Os encapuzados cercavam o clube e ameaçavam invadir o local. Sem perder a calma, Stewart avisou à platéia – formada por 800 brancos – que teria de parar o show. Foi aí que o inesperado aconteceu. “Os jovens que estavam no clube se rebelaram”, disse Stewart, anos depois. “Eles saíram correndo do local e atacaram a Klan, lutando por mim.” A simbologia do fato é forte demais: brancos lutando contra brancos, pelo direito de ouvir música negra.

Sim, o rock’n’roll é música negra. Como o blues, o samba e o hip hop, o rock nasceu da escravidão e tem suas origens na migração forçada de milhões de africanos, que foram tirados de suas aldeias e jogados em terras estranhas. Todos esses gêneros musicais têm duas características comuns, herdadas da África: a primeira é a predominância de uma base rítmica constante e repetitiva; a segunda é a utilização da música de uma forma emocional e espiritual. Nas colheitas de algodão dos Estados Unidos, os escravos cantavam para celebrar sua espiritualidade e seus ancestrais. Também cantavam sobre as mazelas da escravidão, estabelecendo assim uma relação direta entre sua música e a realidade social. O rock herdou essa capacidade de radiografar o presente.

Na época, a sociedade americana começava a abandonar preconceitos seculares. De uma certa forma, a explosão do rock simbolizou uma América nova, mais liberal, próspera e livre das dificuldades econômicas do pós-guerra. Adolescentes brancos começaram a curtir uma música antes relegada a salões de baile nos bairros negros e pobres.

Em 1956, “Blue Suede Shoes”, de Carl Perkins, tornou-se a primeira música a chegar ao topo das paradas de pop, rhythm’n’blues e country. O fato representou um marco não só para a música, mas para toda a sociedade americana. Pela primeira vez, brancos e negros estavam gostando da mesma coisa. Em 1959, outra canção, “The Twist”, de Chubby Checker, também uniu o país. O ativista e autor Eldridge Cleaver, fundador do grupo radical Panteras Negras, escreveu: “A canção conseguiu, de uma forma que a política, a religião e a lei nunca haviam sido capazes, escrever na alma e no coração o que a Suprema Corte só havia conseguido escrever em livros”.

O rock’n’roll não mudou a sociedade, mas serviu como espelho de mudanças e tendências. Claro que ninguém deixou de ser racista ao ouvir Elvis Presley cantando música “de negros”, mas o simples fato de Elvis aparecer em cadeia nacional, rebolando os quadris e celebrando uma cultura marginal, mostrava que o país estava mudando.

Paralelamente ao surgimento do rock, a sociedade norte-americana via o aparecimento de outro fenômeno, que se tornaria vital para a explosão do rock’n’roll: o adolescente.

Até meados do século 20, adolescentes tiveram uma vida dura nos Estados Unidos. O país havia passado por duas guerras mundiais e pela Grande Depressão; ser jovem por lá significava trabalhar duro e ajudar os pais a sustentar a casa.

Para a sociedade de consumo, o adolescente não existia. Não havia música ou filmes feitos especialmente para eles. Pais e filhos eram obrigados a gostar das mesmas coisas: as big bands de Tommy Dorsey e Benny Goodman, as baladas de Nat King Cole e Frank Sinatra, a cafonice de Pat Boone e Perry Como.

Depois da Segunda Guerra, tudo mudou: os Estados Unidos entraram numa fase de prosperidade, a economia cresceu e os adolescentes, que antes davam duro ajudando os pais, passaram a receber mesada. Isso criou um novo mercado, voltado unicamente para o jovem.

Hollywood logo entrou na onda, lançando filmes direcionados aos adolescentes. Dois deles, O Selvagem (1954) e Rebelde sem Causa (1955), revelaram Marlon Brando e James Dean interpretando jovens em conflito com a geração de seus pais. A rebeldia estava na moda. Daí surgiu Elvis Presley, dando voz a uma geração cansada da caretice dos pais.

A sociedade de consumo não demorou para perceber o potencial do filão jovem. Foi só aí que o rock explodiu na América. E tome filmes, revistas, livros, badulaques, calendários e todo tipo de bugiganga direcionada aos novos consumidores. Elvis, o rebelde, tornou-se uma figura tão familiar aos lares americanos quanto o presidente Eisenhower.

As gravadoras, que nunca gostaram de arriscar, trataram de diluir o rock em fórmulas açucaradas, bem ao gosto do público branco médio. O canastrão Pat Boone, por exemplo, gravou Tutti Frutti, mudando a letra (escrita por Little Richard, negro, homossexual e orgulhoso), para não chocar as boas moças da América. Foi um estouro. Era a tal coisa: “rock sim, mas limpinho, por favor”.

Apesar do sucesso, muita gente previa um fim rápido para o rock. O gênero era visto como uma moda passageira, a exemplo do calipso ou de tantas outras que tiveram seus 15 minutos de fama na América.

Para piorar, os roqueiros passavam por maus bocados no fim dos anos 50: Elvis Presley foi para o Exército, Chuck Berry ficou preso dois anos por ter atravessado uma fronteira estadual com uma prostituta menor de idade, Little Richard abandonou o rock e virou pastor depois de “ouvir o chamado de Deus” durante um vôo turbulento, Jerry Lee Lewis arruinou a carreira ao casar com uma prima de 13 anos, Buddy Holly morreu em um acidente de avião, que matou também Ritchie Valens (La Bamba) e Big Bopper (Chantilly Lace), e Eddie Cochran morreu em um acidente de carro. Quando o futuro do rock’n’roll parecia negro, surgiram os Beatles.





A influência dos Beatles é incalculável. Musicalmente, eles elevaram o rock a um nível até hoje inigualado, estabelecendo parâmetros e modelos para toda a música pop. Suas experimentações abriram novas possibilidades sonoras e ampliaram os horizontes musicais das gerações posteriores. Culturalmente, eles foram igualmente importantes: carismáticos, irreverentes e cheios de sex-appeal, eles surgiram no mundo como um sopro renovador, obliterando a caretice da década de 50 e inaugurando uma era mais livre e esperançosa – os anos 60.

O surgimento do rock e de seus primeiros ídolos – Elvis, Beatles, Rolling Stones – mudou a relação entre a música e o público. Até o rock aparecer, o “músico” – fosse produtor, instrumentista ou compositor – era visto como um profissional muito qualificado. Compositores de “música popular” eram sofisticados como Cole Porter e Irving Berlin; cantores eram Frank Sinatra e Bing Crosby.

O rock democratizou a música pop. Subitamente, qualquer um podia subir em um palco e cantar. Elvis, um caipira ignorante, passou a freqüentar as paradas de sucesso ao lado de Sinatra e Nat King Cole (dá até para entender por que Sinatra, acostumado a trabalhar com músicos experientes, não aceitou o novo estilo: “rock’n’roll é a coisa mais brutal, feia e degenerada que eu já tive o desprazer de ouvir”, disse o “olhos azuis”).

Essa “democracia” do rock teve um efeito imediato: os artistas ficaram cada vez mais parecidos com seu público, tanto em idade quanto em classe social. Os jovens passaram a se identificar mais com seus ídolos, estabelecendo uma relação mais próxima com a música. O rock também passou a buscar na sociedade – especialmente nos jovens – os temas de suas canções. Essa troca fez do rock a música mais popular e culturalmente impactante do século 20.

Para muitos, esse estreitamento entre artista e público também causa um declínio gradual na qualidade da música. A cada ano, um número maior de pessoas sem treinamento musical tem acesso a tecnologias de composição e gravação. Hoje, aparelhos como samplers e placas de som permitem a qualquer um gravar um disco em casa. E popularização raramente é sinônimo de qualidade.

O fato é que nenhuma outra música esteve tão sintonizada com a realidade de seu tempo quanto o rock. Desde os anos 50, ele passou a ser um espelho da sociedade, refletindo a moda, o comportamento e as atitudes dos jovens. Isso fez do rock uma música com prazo de validade, ou seja, tão ligada no “hoje” que corre o risco de sair de moda rapidamente, junto com os temas abordados (para confirmar, basta assistir a qualquer videoclipe de dez anos atrás).

Isso cria situações interessantes: o que é “bacana” e “moderno” para uma geração torna-se ultrapassado para a próxima. Sendo um gênero que se alimenta sempre do novo, o rock’n’roll gera conflito entre seus fãs. Um movimento surge como resposta ao anterior e assim por diante, numa renovação incansável.


Esses conflitos, mais que interessantes, são necessários: sem eles, estaríamos condenados à eterna repetição. Foi a partir desses “rachas” que nasceram alguns dos movimentos mais influentes do rock, como o punk, basicamente uma reação ao comercialismo e à pompa do rock dos anos 70, que havia perdido a identificação com as gerações mais novas. Ao contrário do que ocorria antes do rock’n’roll, agora ficou fora de moda curtir a mesma música que os pais. Mas isso é cíclico, claro: com o passar dos anos, a indústria descobriu o potencial do saudosismo. Hoje, temos canais de televisão que vivem de reembalar artistas velhos como se fossem a última novidade. E veteranos – como o Aerosmith, por exemplo – que, graças a seus clipes na MTV, reinventam-se para um público que nem era nascido quando eles faziam sua melhor música.

Os Beatles são um bom exemplo da capacidade do rock de se adaptar a cada época. Para entender as mudanças ocorridas nos anos 60, basta olhar as fotos do grupo durante o período. Nos primeiros anos, vestidos com terninhos idênticos e cabelos bem penteados, os quatro eram a imagem perfeita do otimismo da era Kennedy. Depois, como todos, abandonaram a inocência: os cabelos cresceram e os sorrisos deram lugar ao cinismo, enquanto Kennedy era morto e a guerra começava no Vietnã. No fim da década, quando jovens faziam passeatas na Europa, Martin Luther King era assassinado e o conflito do Vietnã piorava, os Beatles buscaram consolo espiritual na Índia, renegando o comercialismo ocidental. A banda acabou melancolicamente, junto com uma década que começara cheia de promessas e que terminava em guerra e decepção.

Não foram os únicos roqueiros que se tornaram símbolos de uma era: Bob Dylan, Jimi Hendrix e Jim Morrison também viraram ícones dos anos 60, tanto quanto o símbolo da paz ou o rosto de Che Guevara. Sid Vicious é, até hoje, a imagem mais reconhecível da rebeldia punk. E basta um passeio por qualquer grande cidade para ver, a qualquer hora, jovens usando camisetas com o semblante triste de Kurt Cobain.

Esses rostos passaram a representar mais que a simples paixão por uma banda ou artista: tornaram-se símbolos de um estado de espírito e de um jeito de ser. A iconografia, claro, reduz tudo a seu nível mais rasteiro – e um artista como Kurt Cobain, autor de dezenas de músicas, acabou reduzido a garoto-propaganda do suicídio e da alienação adolescente. John Lennon foi assassinado e virou “marca”, transformado, como Gandhi, em símbolo de paz e amor. Logo ele, que nunca escondeu ter sido um pai ausente e que tratou Paul McCartney como um cachorro sarnento depois do fim dos Beatles. O rock simplifica tudo.

Talvez seja essa a razão de seu sucesso. Como bem disse Gene Simmons, do Kiss: “Eu não sou Shakespeare. Mas ganhei muita grana e transei com mais de 4 mil mulheres. Tenho certeza de que Shakespeare trocaria de lugar comigo a qualquer hora”. Quem duvida?

sábado, 9 de julho de 2011

Elton John X Cocaína


Elton John comenta sua dependência de cocaína em biografia





Além de um grande nome da música pop, Elton John ficou conhecido por sua vida pessoal turbulenta. Sempre em conflito com sua sexualidade, viveu por anos momentos de autodestruição.

“Elton John – A Biografia”, que acompanha o auge, o fundo do poço e sua reinvenção ao longo dos seus 60 anos, retrata o conturbado período no qual afundou nas drogas.
Quando estava prestes a se livrar da cocaína, passando por diversas crises de abstinência, tornava-se um pessoa desagradável. Mesmo o álcool, do qual constantemente abusava, não lhe fazia bem.
Conhecidos ligavam para reclamar do que ele havia lhes dito na noite anterior durante uma bebedeira, enquanto Elton não se lembrava de nada. Este momento delicado também era preenchido por sua bulimia.
Ainda assim, nunca estampou as capas dos tabloides com seus exageros de álcool e drogas. Para o cantor, este foi um dos motivos que o levou a demorar para se reabilitar.
Leia um trecho abaixo sobre suas crises de abstinência:
*
Capítulo 13
Minha Carta de Despedida para a Cocaína
Ainda é de manhã. Olhando pela janela de sua luxuosa suíte no Inn On The Park, em Londres, Elton John Pega o telefone para fazer uma reclamação. Ele está prestes a fazer uma das exigências mais ridículas que um roqueiro já fez na história do rock. Elton quer saber se alguém da recepção pode tomar alguma providência a respeito do vento nos arredores de Hyde Park. Ele se tornou tão paranoico e isolado, sua realidade se tornou tão irreal, que o pedido é feito com toda a seriedade.
Elton sempre foi uma pessoa difícil. Ao longo dos anos, as pessoas que frequentavam suas casas têm testemunhado sua organização obsessiva e cansativa. Cada disco precisa ser arquivado e catalogado em ordem alfabética. Elton costumava andar pela casa ajeitando uma almofada aqui, reposicionando um vaso de flores ali. O fato de o vento estar forte demais naquele dia era apenas uma daquelas pequenas irritações que para Elton tomavam proporções cósmicas. Desde o fatídico dia, ele já contou a anedota do “vento na minha janela” inúmeras vezes, algumas mudando o cenário de Londres para Los Angeles, de onde aparentemenete ligou para seu escritório em Londres, a quase 9 mil quilômetros de distância, para ver se eles podiam fazer alguma coisa a respeito do vento.
“É engraçado olhar para trás, mas eu estava em abstinência de cocaína”, ele disse a Tony Parsons em 1995. “Acordei de manhã e o vento estava forte – culpei o hotel. Quando me drogava, eu era divino, adorável, fabuloso. Quando estava parando, eu era um pesadelo. Costumava ficar furioso. Minha personalidade não conseguia lidar com a abstinência de cocaína. Mas eu ainda tenho esses rompantes. Quando você finalmente para de tomar drogas, retoma a personalidade que tinha antes de começar.”
No final da década de 1980, o astro era consumido pela autodepreciação. “Eu era uma pessoa compulsiva/impulsiva”, ele admitiria. “Não posso tomar um drinque, ou experimentar uma droga uma vez, nem ter um par de óculos ou um carro. É assim que eu sou.” De fato, Elton era um homem de vários vícios. A cocaína era ainda uma presença constante. Possuindo o que chama de “constituição de um boi”, ele ficava acordado noite após noite estimulado pela cocaína e depois fazia um ensaio para a turnê. “No final [do período em que usou cocaína], eu cheirava sozinho, a portas fechadas”, ele contou. “Ficava fechado por duas semanas cheirando uma carreira a cada quatro minutos. Na época, estava me isolando. Não era mais divertido; era exatamente o oposto. Nos últimos quatro anos que cheirei, não gostei nada. Não passava de um hábito.” “Às vezes, quando voo sobre os Alpes, acho que é como a cocaína que eu cheirava”, Elton sóbrio admitiria muitos anos depois.
Elton John – A Biografia
Autor: David Buckley
Editora: Companhia Editora Nacional
Páginas: 384
Quanto: R$ 44,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
Fonte : http://venceslauam.com.br